Em setembro de 2019 um desastroso incêndio no hospital Badim levou consigo pelo menos 18 vidas. À medida que as informações sobre o incêndio surgiam na mídia ficava evidente a ineficiência no combate ao sinistro e no abandono por falta de pessoal treinado, no local. Mas qual a relação entre a brigada de emergência e os três tipos básicos de proteção ativa contra incêndio (extintor, hidrante e chuveiros automáticos), vejamos…
Primeiramente, o tempo médio para a ocorrência de um Flash over (inflamação generalizada) é de 45 segundos a 3 minutos e meio. Ou seja, no pior caso, o funcionário que observar o princípio do incêndio terá menos de 180 segundos para identificar o princípio de incêndio e utilizar o extintor adequado para mitigar o princípio. Caso não seja possível utilizar o extintor em tempo, após o flash over, apenas o sistema de hidrantes ou o sistema de chuveiros automáticos podem controlar ou suprimir o incêndio. Nestas condições, as seguintes falhas podem acontecer:
- Na ocorrência do sinistro, o extintor poderá estar ausente, descarregado, danificado ou o seu uso poderá ser ineficiente por falta de conhecimento técnico; para evitar estas falhas são necessárias inspeções nos extintores de incêndio e treinamento adequado para a equipe.
- Quando o combate por extintor falhar, utiliza-se o sistema de hidrantes, que poderá estar com baixa pressão (falha nas bombas), despressurizado (sem água), ou sem acessórios no seu abrigo. Para evitar estas falhas, é preciso vistoriar os abrigos de mangueiras identificando os acessórios, fazer testes periódicos no sistema de hidrantes e na casa de bombas de incêndio.
- Quando o incêndio se deflagra, o sistema de chuveiros automáticos entra em ação, contudo, é preciso que o sistema esteja adequadamente abastecido e operante, podendo estar despressurizado, apresentando vazamentos, com válvulas de controle erroneamente fechadas ou com falhas nas bombas de incêndio. Estes dois últimos itens também podem ocorrer com o sistema de hidrantes. Para evitar estas falhas, é preciso inspecionar todas as válvulas dos sistemas de hidrantes e chuveiros automáticos para identificar se estão na posição adequada (aberta ou fechada), fazer testes periódicos nas bombas de incêndio e no sistema de chuveiros automáticos.
Além destes três itens, é importante fazer uma análise de risco anual para identificar se as rotas de fuga e saídas de emergência da edificação estão isentas de riscos secundários, livres e sem obstáculos.
Agora, vocês sabem quais as atribuições básicas da brigada de incêndio? A NBR 14.276 determina que as atribuições da brigada de incêndio são as seguintes:
- a) Atribuições de prevenção:
Conhecer o plano de emergência contra incêndio da planta;
Avaliar os riscos existentes;
Inspecionar os equipamentos de combate a incêndio, primeiros socorros e outros existentes na planta;
Inspecionar as rotas de fuga;
Elaborar relatório das irregularidades encontradas;
Encaminhar o relatório aos setores competentes;
Orientar a população fixa e flutuante;
Participar dos exercícios simulados. - b) Atribuições de emergência:
Aplicar os procedimentos básicos estabelecidos no plano de emergência contra incêndio da planta até o esgotamento dos recursos destinados aos brigadistas.
Percebam que as atribuições destacadas em negrito são justamente aquelas que evitam que as falhas mais prováveis ocorram durante o combate ao sinistro.
Concluindo, com uma gestão de risco de incêndio adequada e uma brigada de incêndio treinada, o tempo de resposta e a qualidade no combate contra incêndio irão garantir a vida e o patrimônio.